23 maio 2014

Un Volto nella Notte



"Nossa, o que que tá acontecendo ali?"

É geralmente esse o impacto que quem está passando tranquilamente em um sábado à noite no "point" da cidade e testemunha essa cena, em uma igreja normalmente fechada a essa hora.



  • O que é?


Trata-se de uma evento mensal organizado pelos frati minori (franciscanos) de Pisa:
"un Volto nella Notte", ou "Uma Face na Noite". É um chamado a "um encontro, com uma Pessoa".

O "Volto", no caso, é o rosto do crucifixo de San Damiano (no estilo franciscano)


  • Como funciona?


Em termos um pouco mais práticos, é uma dinâmica razoavelmente rápida que funciona assim:
  1. Você entra, pega uma pequena vela e um papel

  2. Nesse papel, você escreve alguma reflexão ou oração

  3. Você vai lá na frente e coloca o seu papel numa cesta do lado direito, que tem escrito "Gesù ti ascolta", ou "Jesus te escuta"

  4. Acende a vela e coloca diante do crucifixo

  5. Aqui vem a parte mais interessante: do lado esquerdo tem outro cesto, com pequenos papeis com trechos da Bíblia, e um papel indicando "Gesù ti parla", ou "Jesus te fala"



(os papéis com os pedidos das pessoas são levados depois para as Clarissas de Lucca, que rezam por cada um deles)



  • Como é organizado?

Antes de abrirem a igreja, tem um encontro de formação para organizar a coisa toda. Boa parte do que eu vou escrever a seguir eu aprendi lá. Depois de uma explicação geral sobre o evento, todos dão os nomes e dizem quantas vezes já participaram (ou se é a primeira vez), e em quais funções.

Além disso, também perguntam quem não quer ser missionário fora da igreja naquele dia, independente das razões.

Com essas informações, o pessoal é dividido em três grupos:

  1. Missionari
    É o pessoal que fica fora da igreja chamando quem passa na rua. São escalados dois a dois (como diz o Evangelho), de preferência de sexos opostos.

    No encontro de formação costuma ter um "teste" de abordagem, com algumas pessoas como missionarias e outras (geralmente quem vai pela primeira vez) fingindo que estão passando na rua. A partir disso, pedem críticas pro pessoal e dão dicas do que fazer (ou não).

    Uma característica crucial que os frades deixam bem claro é que o importante é "fare l'invito", isto é, simplesmente dizer que o tem, sem insistir muito. Se a pessoa não quiser, coloca um sorriso no rosto e "buona serata".

    Certamente seria mais legal se a pessoa participasse, mas a nossa missão a gente cumpriu.

    (é bom ter isso em mente, levando em conta a quantidade de "não" que a gente leva)

    Uma coisa interessante que o pessoal conta é que em vários casos, a pessoa diz "não" no reflexo mas depois entra sozinha.

  2. Recepção
    Apelidado carinhosamente de "banchino" (banquinho), é o pessoal que recebe quem entra na igreja por conta própria, além de entregar os papéis e velas pros missionários

    Uma orientação dada é sair da frente da porta, pra dar pra ver o crucifixo, e tentar separar quem chega em grupos relativamente pequenos, pra não ter que falar muito alto, o que atrapalharia quem quer rezar

  3. Preghiera
    É o grupo que passa a noite rezando, não "pela avozinha" (embora isso também, se quiser =P), mas por algumas intenções determinadas:
    - Por quem entra
    - Por quem não entra
    - Pelos missionários, coitados
    - Por todo mundo na cidade que nem ficou sabendo da coisa

    Levando em conta a quantidade de gente que entra sozinha, fica bem clara pra gente a função desse grupo.

Eu já fiquei como missionário e como banchino.

Nas primeiras vezes que eu participei, fiquei na recepção. Vez ou outra entrava algum estrangeiro, e eu tinha maior facilidade em falar com eles (mesmo meu espanhol estando bem zoado, misturado com italiano e tal).

Teve uma vez em que eu gastei todo o meu inglês pra no final descobrir que tava falando com um grupo de portugueses...

A primeira vez que eu fui missionário não foi muito produtiva. Eu fui dupla de uma freira, todo mundo já fugia da gente sem nem dar tempo de dizer nada =P


  • Músicas

Durante a noite ficam tocando várias músicas, pra manter o clima:

tocam essa no início (não, o vídeo não é de lá, mas é nesse estilo)

(é difícil achar vídeo bom no youtube, tem várias músicas boas mas que a execução nos vídeos é muito afrescalhada)



  • Confissões

Uma coisa bem interessante é que durante a noite toda, vários padres ficam disponíveis para ouvir confissões

(indicados por cartazes dizendo "lasciati riconciliare con Dio", ou "deixe-se reconciliar com Deus")

A música ajuda a abafar a conversa =)



  • Una Luce nella Notte


Essa não é uma iniciativa única na Itália (ou mesmo na Europa). Não sei exatamente a origem, mas existe também um evento de nome "Una Luce nella Notte" (ou "Una Luz en la Noche" na Espanha) em várias cidades, mas sem esse twist franciscano.


Alguém já ouviu falar de algo parecido no Brasil?

21 novembro 2010

Vestibular - parte 1

-Aproveitando o hype, né, esperto? Só porque a primeira fase do vestibular da Unicamp é hoje -.-"

Que isso, eu só me inspirei pra fazer esse post que eu tava enrolando faz tempo...


Hoje vou falar de quando eu também tive que passar por essa mesma tortura =)
(ah, nem é tão ruim, espera até você fazer MecG)

Antes da "pequena" pausa dos posts aqui no blog, em 2008, o estudo estava meio que começando no meu cursinho, Pódion, em Brasília(depois eu falo mais do "DF").
ninguém sabe que idioma é esse
Pela sua localização geográfica, eles obviamente não tinham uma turma especifica para a Unicamp(tinham IME/ITA, EsPCEx e infinitas pra UnB). Por isso, eu fui para a turma "Anual", que é voltada pra qualquer coisa que não seja as anteriores, ou seja, pro resto.

A esmagadora maioria queria fazer medicina, sendo a quantidade de "pré-engenheiros" praticamente desprezível desprezável. Por isso, a proporção garotos/garotas era extremamente agradável(mas infelizmente ela se inverte na computação).

Como a matéria ainda não tinha apertado(dava pra acompanhar sem muito esforço), eu tinha bastante tempo "sobrando".
ah, o ócio... nessa época cheguei até a criar um deviantART
Só que o vestibular começou a ficar assustadoramente perto, o estudo foi se intensificando, e foi esse o motivo da pausa do blog. Eu pensava: "ah, vou deixar pra fazer essas coisas depois do vestibular, quando tudo tiver mais tranquilo". Mal sabia eu... fiquei até agora esperando essa "época tranquila" chegar...

Falando nisso, era "o" vestibular mesmo: eu só prestei Unicamp, engenharia de computação. (OU VAI OU RACHA ò.ó)
Se na época já tivesse Fuvest em Brasília, eu até teria pensado em fazer. Como não tinha, eu não quis me despencar até São Paulo pra fazer uma prova não tão inteligente e de uma universidade pior que a Unicamp =)
(troll, mas foi o que eu pensei na época, pesquisando sobre os cursos de computação)(guia do estudante e o ranking da INFO)

Quando foi chegando a primeira fase, eu saí fazendo redação que nem um condenado, fiquei até com calo no dedo de segurar a lapiseira e escrever freneticamente. Depois de 1 ano só vendo espanhol(e estudando engenharia ainda por cima), ter que fazer um texto em português na norma culta, com 40 a 60 linhas e em menos de 1 hora não é das tarefas mais fáceis o.o
(foi antes das mudanças no vestibular, agora tem que fazer os 3 textos, mas mais curtos)

(agora fiquei com calo onde apoio a mão no mousepad/teclado do laptop o.o)

Escrever aqui no blog até que ajudou a não ter que sair do zero, só que escrever textos de temas que você escolhe, sem limite de tempo, com google, e com uma estrutura livre(início, meio e fim? pffff) é bem diferente de uma dissertação de vestibular.

(nem pensei em fazer narração ou carta)

A primeira redação que eu fiz ficou um lixo completo. Eu lutava pra ficar acima das 25 linhas, sem exagero. O tema aleatório que a professora passou também não ajudou...

...só que foram esses mesmos temas difíceis que me ajudaram a treinar(até porque a Unicamp gosta de usar coisas bem imprevisíveis). Na semana anterior à primeira fase, eu conseguia fazer tranquilamente um texto com 45 linhas: as idéias passaram a simplesmente pipocar na cabeça. Ter que fazer um texto dissertativo-argumentativo sobre Nostradamus estranhamente tinha um propósito, mais ou menos como encerar o carro do Sr Miyagi.
-Peraí, quer que eu escreva um texto *dissertativo-argumentativo* sobre isso?
-Sem pergunta, Fernando-san. Planejamento - esquerda. Texto - direita.
-Mas esse tema não tem nada a ve-
-Planejamento, texto. Planejamento, texto.
Já as questões da primeira fase são bem fáceis, não foram grande preocupação pra mim(é só ver as provas pra ver se eu estou exagerando). Só de ir pras aulas e fazer os exercicios propostos no cursinho já foi o suficiente.
(eram 12 questões dissertativas, em vez das 48 de múltipla escolha a partir desse ano)

Mas pra ter certeza que eu não estava subestimando a combinação, na semana anterior eu peguei as provas antigas e fui fazendo uma por dia, cronometrando. Isso ajudou bastante a aprender a controlar o tempo e ficar um pouco mais tranquilo na hora. Como dizia meu professor de história no colégio, "treinamento difícil, combate fácil!".
As correções e respostas esperadas, disponíveis também no site da Convest, ajudaram bastante a saber o que eles consideravam uma "resposta acima da média".

Nesses "simulados", eu sempre ficava "no limite" do tempo, passando um pouco, porque escrevia a redação primeiro a lápis, depois passava a limpo. Fazia isso porque queria levar o meu rascunho pra ver depois. Como na prova falaram que não podia levar o rascunho, simplesmente fiz direto a caneta, e deu pra fazer com folga. Foi mais ou menos como treinar com pesos e na hora da decisão tirar eles(tipo o Goku) XD
(Tive que rasurar um parágrafo inteiro, mas não deu nada)

Obviamente eu fiquei um pouco nervoso na hora da prova(não muito porque eu sabia que era fácil, mas ainda assim), mesmo normalmente sendo tranquilo com relação a isso. Era uma só chance, ou então perder o ano. Mas o nervosismo diminuiu bastante ao ver a dita cuja: ah, é só isso? *sai fazendo*

Como a prova mudou, não dá pra dar muitas dicas além das óbvias:

  • NÃO ENTRE EM PÂNICO
  • Faça as questões fáceis primeiro, elas dão confiança pra fazer as outras com calma.
  • Se você estudou, você sabe, vai e faz. se não, ah, já tá no lucro =)
  • Se concentre na prova, e não em qualquer coisa que te deixe nervoso(Exceto o tempo. É bom pensar no tempo. Pelo menos um pouco. Mas não muito. Só um pouco.)
  • Revise seus cálculos no final, leia a redação do começo ao fim, como se você fosse da banca
  • Pára Para de pensar besteira e faz a droga da prova

(pra primeira fase desse ano não adianta mais, mas ainda vale pra segunda, e ano que vem tem de novo)


Boa sorte aos larvas(principalmente às pré-bixetes da comp =D), que vocês possam ver uma tela como essa:
a recompensa =)

Depois eu falo da segunda fase...


Até a próxima!

13 novembro 2010

Novo layout, novos posts

Ah, a Web 2.0 e seus templates prontos...


É o modelo "Travel" do Blogger, que caiu como uma luva lol

Já a imagem de fundo é original(bom, tanto quanto uma montagem tosca pode ser), composta por duas partes:
  • à sua esquerda vocês podem ver o Monte Fuji, 富士山, que estranhamente se lê fuji-san, sendo que esse "san" é a pronúncia chinesa de (leitura japonesa: yama), montanha. Ou seja, não é o mesmo "san" de "Daniel-san";
  • no canto direito, pesando algumas toneladas está el Castillo, de Chichén Itzá, no México, construção maia que foi votada como uma das novas sete maravilhas do mundo;

acho que essa composição "aleatória" mostra bem a mistureba doida de assuntos que acontece aqui no blog.

(em resoluções mais baixas não dá pra ver direito, mas acredita que tá aí o.o)


Aproveitei também pra dar uma arrumada no conteúdo antigo(adicionar algumas coisas, trocar imagens quebradas, botar marcadores, etc).

Quem sabe com isso eu volto a escrever o.o


Bom, por enquanto é só!

12 agosto 2008

Numeração japonesa

A numeração japonesa é muito simples de aprender, e eu diria que é até mais fácil que a nossa. E é decimal O.o

Ela segue o mesmo esquema da numeração chinesa(eu tenho um guia de mandarim que mostra isso), usando os mesmos caracteres(kanji) inclusive, o que não seria possível se o sistema fosse diferente. A única diferença, é claro, é a pronúncia.

(nem me perguntem a chinesa porque eu não sei, e o guia que eu tenho é em inglês, com a pronúncia adaptada pra eles O.O)

Primeiro, os números de 1 a 10:
1 一 ichi
2 二 ni
3 三 san
4 四 yon/shi
5 五 go
6 六 roku
7 七 nana/shichi
8 八 hachi
9 九 kyū
10 十 jū

Reparem que o 4 e o 7 têm duas pronúncias possíveis. Isso acontece porque "shi" é a mesma pronúncia de 死(morte). Interessante que isso também ocorre em chinês, por isso o 4 dá azar, chegando ao ponto de terem edifícios que pulam do terceiro para o quinto andar O.o

(agora você sabe que o "kyūbi" tem esse nome porque tem 9 caudas XD)

Para fazer os números acima de 10, é só colocar o 10 mais o número das unidades:
11 十一 jū ichi
12 十二 jū ni

e assim vai.

Para os números maiores de 19, é só colocar o número das dezenas antes do 10, e depois o das unidades(dezenas x 10 + unidades):
20 二十 ni jū (2 x 10)
67 六十七 roku jū nana/shichi (6 x 10 + 7)

E essa mesma lógica é usada para os números com centenas, milhares, etc, sempre com um kanji diferente para cada casa decimal que vai subindo:

100 百 hyaku
1000 千 sen
10000 一万 ichi man (repare que nesse caso o 1 não é omitido)
56890 五万六千八百九十 go man roku sen hachi hyaku kyū jū (5 x 10000 + 6 x 1000 + 8 * 100 + 9 x 10)

Se quiser saber mais, tem esse link: http://japan-cc.com/countjp.htm
e, é claro, a Wikipédia: http://en.wikipedia.org/wiki/Japanese_numerals


Isso é tudo por hoje, até a próxima!

06 agosto 2008

Ne?

Atendendo a pedidos(XD) hoje eu vou falar sobre o "ne" dos japoneses, e vou aproveitar pra falar do "yo".

O estereótipo japonês é sempre falar "ne" no fim de cada frase. Isso acontece porque essa estrutura também existe em seu idioma, e com a mesma função O.o

Existem várias partículas que são colocadas no final da frase:

ne: serve pra pedir confirmação
ex:
面白いだね。
omoshiroi da ne?
Interessante, né?
[lembrando que em japonês não tem interrogação, isso é novo no idioma]
[da é a versão informal de desu, o verbo "ser"]

Repare que é pronunciado "nê", já que não tem nenhuma vogal aberta em japonês.
Em seu lugar também pode ser usado o "na", mas é bastante informal.


yo: serve para chamar a atenção, para dar alguma informação nova. Não é como o "ne", que pede confirmação, e uma prova disso é que eles podem ser usados simultaneamente.
暑いですよ。
atsui desu yo.
Nossa, tá quente pra caramba.

暑いですね。
atsui desu ne?
Tá quente, né?

暑いですよね。
atsui desu yone?
Nossa, tá quente pra caramba, né?

É o mesmo "yo" no final de "dattebayo" XD

[não, eu não sei esses kanji decorados, eu escrevi com o IME e confirmei com o Rikaichan XD]

Sobre esse assunto tem um link muito interessante, de onde eu tirei o segundo exemplo, mas é em inglês: http://www.japan-guide.com/forum/quereadisplay.html?0+29090

Já o nosso "né" eu acredito que seja uma contração de "não é"(se "que há de" vira "cadê" e "vossa mercê" vira "você", "não é" virar "né" é o de menos).

Só pra completar:
Em espanhol eles falam "verdad?" com esse sentido.
Recentemente eu li que no Canadá eles falam "eh?", assim como os americanos falam "huh?"(como em "That's cool, huh?").

Até a próxima!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...